Brasil vai produzir insulina glargina em parceria com biofarmacêutica chinesa: Qual a sua opinião ?

Produção nacional vai garantir abastecimento do SUS e reduzir dependência de importações


O Brasil vai iniciar a produção nacional da insulina glargina, um dos medicamentos mais importantes no tratamento do diabetes tipo 1 e tipo 2, graças a uma parceria entre o Ministério da Saúde e a biofarmacêutica chinesa Gan & Lee Pharmaceuticals. O acordo foi assinado nesta quarta-feira (16/10) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e reúne ainda Bio-Manguinhos (Fiocruz) e a Biomm.

A previsão inicial é de fabricar 20 milhões de frascos destinados ao abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo o acesso gratuito e contínuo ao medicamento para milhões de brasileiros que dependem da insulina diariamente.



Transferência de tecnologia e produção no Ceará


O projeto prevê transferência de tecnologia e intercâmbio científico entre as instituições, com o objetivo de reduzir a dependência de importações e fortalecer a produção nacional de insumos estratégicos.

Em um primeiro momento, o envase e a rotulagem da insulina serão realizados no Brasil sob supervisão da Biomm, utilizando o insumo farmacêutico ativo (IFA) importado da China. Em uma segunda etapa, a produção completa será transferida para o Centro Tecnológico em Insumos Estratégicos (CTIE) da Fiocruz, localizado em Eusébio, no Ceará.



Economia e fortalecimento da indústria nacional


De acordo com o Ministério da Saúde, a iniciativa vai gerar economia para o SUS, reduzindo custos logísticos e de importação, além de fortalecer a cadeia produtiva nacional de medicamentos e biotecnologia.

A vice-presidente da Fiocruz, Priscila Ferraz, destacou que o acordo “abre novas oportunidades para o desenvolvimento tecnológico e científico do país”, especialmente em áreas estratégicas como o tratamento de cânceres e doenças autoimunes.

Ferraz lembrou ainda que a insulina glargina já é amplamente utilizada na China há mais de 20 anos, com resultados comprovados em segurança e eficácia.



Expansão para novos tratamentos


O governo informou que o medicamento é atualmente comercializado em mais de 30 países e que o acordo com a Gan & Lee deve impulsionar a produção local de outros medicamentos estratégicos.

Além do diabetes, a parceria inclui pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos voltados ao tratamento da obesidade e doenças metabólicas, incluindo análogos do hormônio GLP-1, que ajuda no controle do apetite e da glicose.

O diretor da Gan & Lee, Wei Chen, afirmou que o projeto “representa um novo patamar de cooperação tecnológica” entre Brasil e China, e que poderá servir de modelo para futuras parcerias internacionais.



Um marco para a saúde pública brasileira


A produção nacional da insulina glargina é vista como um marco na política de acesso a medicamentos no Brasil. Além de garantir o fornecimento regular para pacientes do SUS, o projeto também reforça a autonomia do país na fabricação de fármacos de alta complexidade.


Com isso, o Brasil dá um passo importante rumo à soberania tecnológica em saúde, fortalecendo sua capacidade de resposta a doenças crônicas e reduzindo a vulnerabilidade frente às variações do mercado internacional.


1. Impacto na Autonomia e Soberania Nacional

  • Redução da Dependência Externa: Atualmente, o Brasil depende quase que totalmente da importação de insulina, especialmente dos análogos de longa duração como a insulina glargina. Isso torna o país vulnerável a flutuações de preço, crises na cadeia global de suprimentos e questões geopolíticas.

  • Parceria Estratégica: A parceria com uma biofarmacêutica chinesa (a United Laboratories) é uma jogada inteligente. A China é um dos maiores produtores mundiais de insulina e possui tecnologia avançada e custos competitivos. Isso permite que o Brasil "pule" etapas no desenvolvimento tecnológico e acelere a produção nacional.

2. Benefícios Econômicos e para o SUS

  • Redução de Custos: A produção nacional tende a ser significativamente mais barata do que a importação. O SUS gasta bilhões de reais anualmente com a compra de insulinas. Uma produção local deve gerar uma economia substancial para os cofres públicos, liberando recursos para outras áreas da saúde.

  • Investimento Público Direto: O fato de a produção ser feita por um laboratório público (o Instituto de Tecnologia em Fármacos, Farmanguinhos, da Fiocruz) garante que o foco principal seja o atendimento às necessidades de saúde pública, e não o lucro. Isso alinha perfeitamente com a missão do SUS.

3. Impacto Direto na Vida dos Pacientes

  • Garantia de Abastecimento: Uma cadeia de produção dentro do país torna o fornecimento de insulina muito mais estável, reduzindo o risco de desabastecimento, um medo constante para milhões de diabéticos.

  • Acesso a Medicamento Moderno: A insulina glargina é um análogo de longa ação, considerada mais eficaz e com menor risco de hipoglicemia noturna em comparação com as insulinas humanas NPH. Produzi-la nacionalmente significa ampliar o acesso a um tratamento de última geração para um número muito maior de pessoas pelo SUS.

4. Desafios e Considerações Importantes

Apesar do otimismo, é importante acompanhar alguns desafios:

  • Prazos e Escala: A notícia fala em produção para 2026. É crucial que os prazos sejam cumpridos e que a capacidade de produção seja suficiente para atender a demanda nacional em um prazo razoável.

  • Transferência de Tecnologia: O acordo de cooperação técnica precisa garantir uma transferência de tecnologia genuína. O objetivo final deve ser o domínio completo do ciclo de produção pelo Brasil, e não uma dependência eterna da parceira chinesa para etapas críticas.

  • Qualidade e Regulamentação: O produto final precisa passar por todos os rigores de controle de qualidade da Anvisa, garantindo que seja tão seguro e eficaz quanto as versões importadas.

Opinião Resumida

A iniciativa é um marco para a política de saúde e para a ciência e tecnologia brasileiras. É um passo concreto em direção a uma maior autonomia em uma área crítica, que impacta a vida de milhões de brasileiros.

A parceria com a China é pragmática e benéfica, permitindo ao Brasil acelerar seu processo de independência tecnológica em um setor vital. Se bem executada, esta parceria não só trará economia de recursos e segurança no abastecimento, mas também salvará e melhorará a qualidade de vida de inúmeras pessoas com diabetes no país.

É um projeto que merece total apoio e acompanhamento atento da sociedade para que seus benefícios se concretizem plenamente.


Fonte: Comunicação CFF 









 


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