
🧠 Estudo descarta relação entre uso de paracetamol e autismo
Análise publicada na revista BMJ revisa pesquisas anteriores e conclui que não há evidências de ligação entre o uso do medicamento na gravidez e o autismo
Um novo e amplo estudo publicado pela revista científica BMJ trouxe uma importante conclusão: não há evidências que associem o uso de paracetamol durante a gravidez ao desenvolvimento do transtorno do espectro autista (TEA) nas crianças.
A análise, classificada como uma “revisão guarda-chuva”, reuniu e comparou resultados de diversas pesquisas anteriores sobre o tema. De acordo com os autores, os dados disponíveis até o momento são insuficientes para sustentar qualquer relação entre a exposição ao medicamento no útero e o aparecimento de TEA ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na infância.
🔬 Revisão abrange estudos de diferentes países
Os pesquisadores revisaram estudos observacionais que, em anos anteriores, sugeriram possíveis vínculos entre o uso do paracetamol e o autismo. No entanto, segundo o artigo da BMJ, a maioria dessas pesquisas apresentava qualidade “baixa” ou “muito baixa”, com falhas metodológicas — como a falta de controle para fatores genéticos, condições de saúde maternas e uso concomitante de outros medicamentos.
Essa nova análise reforça a necessidade de cautela na interpretação de estudos isolados e mostra que não há base científica sólida que justifique a preocupação com o uso do paracetamol durante a gestação quando utilizado de forma adequada e sob orientação médica.
🌍 Especialistas reforçam segurança do medicamento
A publicação também serve como resposta a declarações recentes do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que desencorajou o uso do medicamento por gestantes. Após a polêmica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou que não existe comprovação científica de relação entre o paracetamol e o autismo.
Especialistas da área médica elogiaram o estudo. O professor Dimitrios Sassiakos, da University College London, afirmou que o trabalho “confirma o que especialistas afirmam em todo o mundo: não há evidências de que o paracetamol represente risco para o desenvolvimento neurológico das crianças”.
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O paracetamol continua sendo um dos analgésicos e antipiréticos mais seguros para uso durante a gravidez, desde que administrado nas doses recomendadas e com acompanhamento profissional.
O novo estudo da BMJ traz tranquilidade para gestantes e profissionais de saúde, reforçando a importância de decisões baseadas em evidências científicas e não em especulações.
Por que os Estados Unidos associaram o paracetamol ao autismo e TDAH?
Nos Estados Unidos, a discussão começou há mais de uma década, quando alguns estudos observacionais sugeriram uma possível associação entre o uso de paracetamol na gravidez e maior risco de autismo (TEA) ou TDAH nas crianças.
Esses estudos não provaram causa e efeito, apenas observaram que mães que usaram o medicamento durante a gestação pareciam ter filhos com maior chance de apresentar esses transtornos.
Mas havia grandes limitações:
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Eram estudos baseados em questionários, com memória das mães (o chamado viés de recordação);
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Não controlavam bem outros fatores, como genética, infecções durante a gestação, tabagismo, álcool, estresse e uso de outros medicamentos;
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E, o mais importante: a correlação não significa que o paracetamol causou os transtornos — pode ter sido coincidência ou influência de outros fatores.
Mesmo assim, como o tema envolve gestantes e crianças, a discussão ganhou força nos EUA. Parte da população e alguns grupos de ativistas começaram a pressionar por mais estudos e até a questionar o uso do medicamento durante a gravidez.
⚖️ O que a ciência diz hoje
Com o tempo, análises mais amplas — como a revisão publicada agora pela revista BMJ — mostraram que não há evidências científicas sólidas dessa ligação.
Ou seja: os estudos que levantaram a hipótese eram frágeis e inconclusivos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e órgãos regulatórios de diversos países continuam considerando o paracetamol como um medicamento seguro durante a gravidez, desde que usado corretamente e sob orientação médica.
💬 Minha opinião
Na minha visão, essa associação feita nos EUA nasceu de um excesso de cautela combinado com a desinformação.
É natural que pesquisadores investiguem qualquer possível risco em gestantes — e isso é positivo.
Mas o problema foi que resultados preliminares e inconclusivos acabaram sendo divulgados de forma alarmista, tanto pela mídia quanto por figuras públicas (como o ex-presidente Donald Trump), o que gerou medo desnecessário.
A ciência é feita de revisões e correções — e o novo estudo da BMJ é um bom exemplo disso: ele traz tranquilidade e reafirma que o paracetamol continua seguro quando usado da forma certa.
Em resumo:
🔹 Houve uma interpretação exagerada de estudos frágeis;
🔹 Isso gerou preocupação desproporcional nos EUA;
🔹 E agora a ciência está corrigindo o rumo, mostrando que não há motivo para pânico.
💬 Por que é perigoso quando políticos falam sobre medicamentos sem base científica
Nos últimos anos, declarações de figuras públicas sobre medicamentos e vacinas têm ganhado grande repercussão nas redes sociais — e, muitas vezes, causado confusão.
Um exemplo recente foi o do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o uso do paracetamol durante a gravidez ao risco de autismo e TDAH em crianças.
Mas afinal, qual o problema de uma autoridade política fazer esse tipo de afirmação?
⚠️ 1. Gera medo e desinformação
Quando uma pessoa com grande influência fala sobre um tema de saúde sem base científica, milhões de pessoas acreditam — mesmo que não haja nenhuma evidência que comprove aquilo.
No caso do paracetamol, a fala de Trump espalhou medo entre gestantes e levou muitas pessoas a duvidarem de um dos medicamentos mais seguros e amplamente estudados no mundo.
A desinformação é perigosa porque pode mudar comportamentos e gerar riscos reais à saúde.
🧩 2. Abala a confiança na ciência
A ciência é construída com estudos, revisões e consenso entre especialistas.
Quando políticos ou celebridades divulgam conclusões precipitadas, colocam em dúvida o trabalho de pesquisadores e profissionais de saúde.
Isso enfraquece a confiança da população em instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as agências reguladoras, que são justamente quem avalia a segurança dos medicamentos.
💊 3. Coloca gestantes e bebês em risco
O paracetamol é considerado um dos analgésicos mais seguros para gestantes, quando usado corretamente e sob orientação médica.
Por medo infundado, algumas mulheres podem evitar o medicamento mesmo quando ele é necessário, ou pior, buscar alternativas perigosas.
Febre alta ou dor intensa durante a gravidez também trazem riscos — e o equilíbrio depende de informação segura, não de boatos.
🧠 4. Prejudica o avanço científico
Quando o debate público é dominado por declarações sem fundamento, a ciência perde espaço.
Pesquisadores precisam gastar tempo refutando informações falsas, em vez de investigar causas reais de condições como autismo e TDAH, que envolvem fatores genéticos e ambientais complexos.
💬
É legítimo que qualquer pessoa, inclusive líderes políticos, se preocupe com a saúde pública.
Mas a responsabilidade vem junto: divulgar apenas o que tem base científica comprovada.
A ciência não precisa de medo — precisa de tempo, dados e seriedade.
E o novo estudo da revista BMJ vem justamente reafirmar isso: o paracetamol continua sendo seguro quando usado corretamente.
Fonte: https://site.cff.org.br/noticia/Noticias-gerais/11/11/2025/estudo-descarta-relacao-entre-uso-de-paracetamol-e-autismo



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