Vacinar crianças é seguro ? Veja o que dizem médicos e especialistas

É seguro e ajuda a controlar a pandemia, dizem médicos pediatras e infectologistas e concordam com decisão da Anvisa em liberar imunizante da Pfizer contra a covid-19 para meninos e meninas de 5 a 11 anos


Com a aprovação da vacina covid-19 da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos, o Brasil está se aproximando de outros países, como Estados Unidos, Israel, Austrália e Itália, cujas agências reguladoras aprovaram o pedido. 


Vacinas infantis. Médicos especialistas ouvidos por O Globo disseram que além das evidências científicas baseadas na determinação da eficácia do imunizante, a divulgação também funcionou em conjunto com o programa de controle da pandemia: sob o impulso da equipe de imunização, a disseminação do vírus foi reduzida , e também reduziu o coronavírus.


A possibilidade de surgimento de novas variantes do vírus. No entanto, o aspecto mais sensível dessa decisão é a segurança das crianças que recebem medicamentos. Por sua vez, os especialistas em saúde se opõem à vacinação de meninos e meninas como uma prática perigosa. Pelo contrário, quem vacinou crianças até agora obteve bons resultados.


"Os dados que existem são positivos e não sugerem nada diferente de outros grupos etários que já tomaram a vacina",

 

 diz Marco Aurélio Sáfadi, professor na Santa Casa de São Paulo e presidente do departamento de imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).


 "É uma necessidade vacinarmos. Não há contraindicação para aplicação em nenhuma criança, só para as que apresentarem [alta] reação com a primeira aplicação", 

 

diz Renato Kfouri, médico pediatra na Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e um dos especialistas consultados pela agência para autorizar o uso da vacina para os meninos e meninas.


Covid 19: o que se sabe sobre os efeitos adversos da vacina em crianças , com o desenvolvimento de novas variantes do coronavírus, é fundamental estender a disponibilidade da vacina Covid-19 a outras faixas etárias. Depois dos adultos e adolescentes, é hora de vacinar as crianças para conter a propagação da doença. Como resultado, alguns países estão aprovando doses reduzidas de Pfizer / BioNTech para esses públicos. 


A Dra. Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm), lembrou que, de acordo com o Ministério da Saúde, a Covid-19 está entre as dez principais causas de morte em crianças de 5 a 11 anos. De acordo com especialistas, a incidência de síndrome respiratória aguda grave em crianças de 1 a 5 anos causada pelo novo coronavírus é de 30 casos por 100.000 pessoas, e o número de mortes relacionadas à infecção é de 1,54 casos por 100.000 pessoas.


“Além disso, as crianças também têm a capacidade de transmitir o vírus, principalmente diante de uma nova variante como a Ômicron, que está chegando ao país”, comenta.


Riscos e benefícios 


A chave para entender a liberação da vacina é a relação entre os riscos e benefícios do uso de agentes imunizantes. Os reguladores só emitirão imunizações se descobrirem que os riscos (como reações adversas raras) associados ao seu uso são menores do que os benefícios da vacinação. Portanto, covid-19 pode ser evitado. 


No que diz respeito às crianças, embora a taxa de participação no número total de mortes causadas por covid-19 seja muito baixa - até novembro, cerca de 0,5% das mortes no país foram de crianças e adolescentes - mas o número total de mortes excede o número de fatalidades. 


A taxa vem de qualquer outra doença evitável por vacina. De acordo com o Ministério da Saúde, 2.500 brasileiros com menos de 20 anos morreram de Covid-19 desde o início da pandemia. O que torna o coronavírus mais mortal do que o sarampo, a rubéola e a meningite combinados.


"Outro quadro importante é a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica. Que é uma forma de apresentação a covid-19 particular às crianças. No Brasil, tivemos 85 óbitos por essa chamada SIM-P e nossos dados são muito superiores quando comparados às taxas de outros países", explica Juarez Cunha, médico pediatra e presidente da SBIm.


Segurança da vacina


A pesquisa clínica da vacina da Pfizer/BioNTech, que foi licenciada para o uso em crianças entre 5 e 11 anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e os dados sobre a segurança do se mostroufavorável. Segundo a vice-presidente da SBIm, dados internacionais atestam a eficácia e a segurança do imunizante para esta faixa etária.


“Nos Estados Unidos, onde mais de oito milhões de doses já foram aplicadas em crianças, foram cerca de cinco mil relatos de eventos adversos, sendo que 97% deles eram leves e apenas 5% das crianças deixaram de ir para a escola por se sentirem mal depois da vacina”, diz Ballalai.


 De acordo com o órgão americano FDA, agência equivalente à Anvisa, os estudos clínicos apresentados pelos desenvolvedores do imunizante mostraram eficácia de 90,7% na prevenção da Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Os dados são baseados em um estudo que envolveu aproximadamente 4.600 crianças desta faixa etária


Crianças por último


Especialistas explicam que essas crianças serão vacinadas durante uma pandemia quando mais se souber sobre as vacinas contra a covid-19 no mundo real. Este é um cenário comum para o desenvolvimento de programas imunológicos. Por causa do entusiasmo e dos padrões éticos, as pesquisas para desenvolver novos medicamentos e vacinas tradicionalmente não se concentram principalmente nos grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e imunossuprimidos. 


Embora a vacina tenha sido lançada um ano após seu uso em adultos, ela não se configurou como evento secundário. Os médicos ressaltam que as crianças também são um ponto-chave na disseminação da doença. Isso está diretamente relacionado ao surgimento de novas variantes, alerta Marcos Boulos, professor de doenças infecciosas da Faculdade de Medicina da USP. O cálculo é simples: quanto mais vezes um vírus se espalha de uma pessoa para outra, mais mutação sofre.


"Com seu sistema imune ainda em formação, aprendendo com novas infecções, a criança tende a apresentar uma carga viral maior, o que se traduz em maior eficiência de transmissão. Com essa vacinação e com a insistência de aplicação de doses nos adolescentes, vamos controlar a pandemia de maneira mais definitiva", afirma Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury.


Em nota enviada ao O Globo, Julia Spinardi, líder médica da área de vacinas da Pfizer Brasil, afirmou que a disponibilização de vacinas vem somente após minuciosa avaliação. 

"Para esta faixa etária pediátrica, o imunizante demonstrou eficácia de 90,7% em estudo clínico. Os ensaios de Fase 2/3 foram realizados em 2,268 crianças, nos Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha, e apresentaram respostas robustas na produção de anticorpos além de perfil de segurança favorável, o que nos permitiu ter a vacina para este público".


Alergias e efeitos adversos

Atualmente, a disponibilidade de dados sobre anafilaxia, alergia grave causada por medicamentos e vacinas, mostra que o coronavírus é responsável por mais casos do quadro do que os imunizantes.


“Quando tivemos os primeiros vacinados em 2020, a gente entendia que existia um risco. Hoje, a chance de anafilaxia com a vacina da Pfizer/BioNTech é semelhante à de outras vacinas. Então, não é um risco alto. Não é algo que deva impedir uma família de vacinar os seus filhos”, explica a vice-presidente da SBIm.


Os Centros de Controle de Doenças (CDC), a agência de saúde dos EUA, disseram na última quinta-feira (30/12) que reações graves a vacinas em crianças de 5 a 11 anos são raras. Segundo a entidade, apenas 100 crianças experimentaram o que pode ser descrito como efeitos graves, sendo febre (29%) e vômitos (21%) os mais comuns. Das mais de 8 milhões de doses administradas, duas mortes foram relatadas e estão em análise. Ambas eram meninas com outras condições médicas e problemas de saúde antes da vacinação. 


"Não há dados que sugiram uma relação causal entre mortes e vacinações", disse a agência. 


"Muitos países, inclusive o Brasil, que vacinaram chegaram a um consenso de que há benefícios reais em vacinar crianças, e essa imunização tem uma relação risco-benefício muito favorável", destacou o imunologista Barrale


Como saber se o meu filho vai tomar a vacina correta?


A identificação correta de uma vacina para crianças de 5 a 11 anos é uma obrigação das autoridades públicas, que deve garantir ainda um treinamento eficiente para toda a equipe responsável.


A especialista explica que o rótulo não é igual ao das doses de adultos para diminuir o risco de erros humanos. “A vacina infantil vem com a cor laranja, para diferenciar daquela que é usada entre maiores de 12 anos de idade”, conta.


Na quinta-feira (30/12), a Anvisa listou uma série de recomendações para a vacinação de crianças contra a Covid-19. Entre elas, está que a imunização da nova faixa etária seja iniciada só depois do treinamento completo das equipes de saúde que farão a aplicação.


“A grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação é decorrente da administração do produto errado à faixa etária, da dose inadequada e da preparação errônea do produto”, explicou a agência


 Outra recomendação é que seja mostrado ao responsável que se trata da vacina contra a Covid-19, frasco na cor laranja, cuja dose de 0,2 ml, contendo 10 mcg da vacina da Pfizer, específica para crianças entre 5 a 11 anos. A seringa a ser utilizada (1 ml) e o volume a ser aplicado (0,2 ml) também devem ser apresentados antes da aplicação.

 


Fonte : exame , metropoles

Um comentário:

  1. E a fabricante se reponsabiliza por eventuais efeitos colaterais graves?!?

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