
Brasil retoma produção nacional de insulina após mais de 20 anos
Iniciativa fortalece o SUS, gera empregos e representa avanço em soberania e tecnologia no setor farmacêutico
O Brasil deu um importante passo rumo à autonomia na área da saúde ao retomar, após mais de duas décadas, a produção nacional de insulina. Na última sexta-feira (11), o Ministério da Saúde recebeu o primeiro lote do medicamento produzido integralmente no país. Foram entregues 207.385 unidades de insulina, sendo 67.317 de insulina regular e 140.068 de NPH, ambas essenciais no tratamento do diabetes.
A fabricação é resultado de uma parceria entre a farmacêutica indiana Wockhardt, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a empresa Biomm, localizada em Nova Lima (MG). O projeto faz parte do programa Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) e integra a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, lançado pelo governo federal.
Soberania tecnológica e fortalecimento do SUS
Durante a cerimônia simbólica de entrega, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância histórica do momento.
“Depois de mais de duas décadas sem produzir insulina humana, o Brasil retoma essa fabricação para abastecer o SUS e garantir mais segurança e autonomia ao país”, afirmou.
Segundo o ministro, a iniciativa é um exemplo prático da cooperação entre países do Sul Global por meio do Brics, promovendo a soberania tecnológica, a transferência de conhecimento e a geração de empregos qualificados no Brasil.
Mais de 8 milhões de unidades até 2026
O projeto representa um investimento de R$ 142 milhões e prevê a entrega de mais de 8 milhões de unidades de insulina até 2026, beneficiando cerca de 350 mil pessoas com diabetes que dependem da medicação para manter o controle glicêmico.
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente diferentes tipos de insulina, além de medicamentos orais e injetáveis para o tratamento do diabetes. A retomada da produção nacional assegura que o SUS continuará atendendo essa demanda mesmo em momentos de crises internacionais ou interrupções de importações.
Transferência de tecnologia e independência produtiva
A transferência de tecnologia da Wockhardt para a Funed e a Biomm permite que, ao fim do processo, ambas as instituições estejam aptas a produzir insulina 100% brasileira, com capacidade para abastecer toda a rede pública. Isso reduz a dependência externa e fortalece o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, pilar estratégico da política pública de saúde no Brasil.
Impacto social e econômico
Além de melhorar o abastecimento e a segurança dos pacientes com diabetes, a retomada da produção tem um impacto direto na economia local. Com a fabricação sendo realizada em solo mineiro, o projeto fomenta a indústria nacional, cria empregos qualificados e impulsiona a pesquisa científica brasileira.
A retomada da produção nacional de insulina é um marco para a saúde pública brasileira. Mais do que garantir o abastecimento do SUS, a iniciativa fortalece a autonomia tecnológica do país, estimula a economia e representa um passo decisivo para a construção de um sistema de saúde mais resiliente, independente e eficaz.

Essa notícia é extremamente positiva e representa um avanço significativo para o Brasil em diversas frentes:
1. Soberania sanitária
A retomada da produção nacional de insulina reduz a dependência do Brasil de importações, algo especialmente importante em momentos de crise global (como pandemias ou conflitos internacionais). Isso garante mais segurança ao Sistema Único de Saúde (SUS).
2. Fortalecimento do SUS
Com produção local, o abastecimento de insulina para a população torna-se mais estável, beneficiando especialmente pessoas com diabetes que dependem do medicamento diariamente.
3. Transferência de tecnologia e inovação
A parceria com a Wockhardt e a capacitação da Funed e da Biomm mostram que o Brasil tem potencial para desenvolver tecnologia de ponta na área farmacêutica. Isso abre portas para a produção de outros medicamentos essenciais no futuro.
4. Geração de empregos e fortalecimento da indústria nacional
A fabricação em solo brasileiro movimenta a economia, gera empregos qualificados e fortalece o Complexo Econômico-Industrial da Saúde — um setor estratégico para o desenvolvimento do país.
Em resumo:
É uma medida estratégica, inteligente e com forte impacto social, econômico e tecnológico. Demonstra que o Brasil está investindo em autonomia, inovação e no fortalecimento do SUS — algo essencial para garantir saúde pública de qualidade e sustentável.
O Brasil deixou de produzir insulina há mais de 20 anos, principalmente por fatores econômicos, tecnológicos e estratégicos que, na época, dificultaram a manutenção da produção nacional. Abaixo, explico os principais motivos:
🔹 1. Falta de tecnologia própria
Naquele período, o Brasil não dominava a tecnologia necessária para a produção em larga escala de insulina humana recombinante (produzida por engenharia genética), que substituiu a insulina de origem animal. Isso deixou o país dependente de empresas estrangeiras.
🔹 2. Baixa competitividade frente ao mercado internacional
Empresas multinacionais, com grande capacidade de produção e menores custos, ofereciam o produto a preços mais baixos do que o custo que o Brasil teria para produzir internamente. Isso levou à interrupção gradual da fabricação nacional, já que importar era mais barato naquele contexto.
🔹 3. Falta de políticas industriais sustentáveis
Faltaram incentivos governamentais contínuos para o desenvolvimento de uma indústria farmacêutica forte e independente. A ausência de uma estratégia de longo prazo dificultou o investimento em laboratórios públicos e privados capazes de produzir insulina com autonomia.
🔹 4. Concentração da produção mundial
A produção de insulina passou a ser dominada por poucas empresas globais, como Novo Nordisk, Eli Lilly e Sanofi. Isso aumentou a dependência internacional e reduziu o incentivo para o Brasil manter fábricas ativas.
🔹 5. Desmonte de capacidades locais
Com o tempo, algumas estruturas produtivas foram sendo sucateadas ou desativadas, e o país perdeu parte da capacidade técnica e científica que existia. Isso dificultou qualquer tentativa de retomada até que um novo plano estratégico fosse implementado — como o atual.
Durante os mais de 20 anos em que o Brasil deixou de produzir insulina nacionalmente, o abastecimento foi totalmente dependente da importação. Veja como funcionava esse processo:
🛬 1. Importação de grandes multinacionais
O fornecimento de insulina ao Sistema Único de Saúde (SUS) era garantido por contratos com grandes indústrias farmacêuticas internacionais, como:
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Novo Nordisk (Dinamarca)
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Sanofi (França)
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Eli Lilly (EUA)
Essas empresas dominam o mercado global de insulinas e forneciam o produto já pronto para distribuição no Brasil.
📝 2. Licitações públicas
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, realizava processos de licitação internacional para adquirir insulina em grande escala. Os contratos envolviam quantidades milionárias para atender à demanda dos pacientes com diabetes.
🏥 3. Distribuição pelo SUS
Após a importação, o medicamento era:
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Recebido pela coordenação de logística do Ministério da Saúde
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Distribuído para as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde
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E então encaminhado a postos de saúde, farmácias populares e centros de referência em diabetes
⚠️ 4. Problemas enfrentados nesse modelo
Apesar de funcionar, o modelo tinha várias vulnerabilidades, como:
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Risco de desabastecimento em caso de crises internacionais, como pandemias ou conflitos
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Alta dependência cambial, já que o preço em dólar variava
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Aumento de custos ao longo dos anos
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Falta de autonomia tecnológica e produtiva do país
✅ 5. Por que a retomada é importante?
Com a volta da produção nacional, o Brasil passa a ter mais controle, previsibilidade e segurança no fornecimento de um medicamento essencial — o que é fundamental para proteger milhões de brasileiros que dependem de insulina diariamente.



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