
Whindersson banaliza riscos ao confundir “droga” com “remédio”, e farmacêuticos emitem alerta
As recentes declarações do humorista Whindersson Nunes sobre o uso de substâncias psicoativas geraram grande repercussão nas redes sociais e acenderam um sinal de alerta entre profissionais da saúde, especialmente os farmacêuticos. Durante participação em um podcast com a psicóloga Pamela Magalhães, o comediante fez comentários que relativizam o uso de drogas ilícitas como ayahuasca e LSD, comparando-os a medicamentos prescritos.
A fala, que trata o consumo dessas substâncias como uma simples “expansão de consciência”, foi duramente criticada por profissionais da área. Para o Conselho Federal de Farmácia (CFF), esse tipo de discurso desinforma e coloca em risco a saúde pública, especialmente quando parte de uma figura influente que atinge milhões de seguidores.
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“Droga” não é sinônimo de “remédio”
Diferente do que sugeriu Whindersson, não é possível tratar substâncias psicoativas como se fossem todas iguais. Toda droga — seja natural ou sintética — possui um princípio ativo que deve ser estudado, testado e administrado com responsabilidade. Enquanto os medicamentos passam por rigorosos testes clínicos, protocolos de segurança e vigilância sanitária, drogas ilícitas muitas vezes são consumidas sem qualquer controle de pureza, dosagem ou efeitos colaterais.
Segundo especialistas, comparar um medicamento de prescrição controlada a uma substância alucinógena sem regulamentação é ignorar os riscos reais, como dependência química, reações adversas severas e até mesmo morte por overdose.
Papel do farmacêutico: orientação e proteção à saúde
Frente à banalização do uso de substâncias, o farmacêutico reforça seu papel essencial como agente de saúde pública. Cabe a esse profissional orientar o paciente, prevenir a automedicação, fiscalizar o uso racional de medicamentos e garantir a segurança de quem faz uso de qualquer substância.
Diferente de influenciadores, o farmacêutico age com base na ciência e na ética profissional. É ele quem esclarece dúvidas sobre efeitos, interações medicamentosas e riscos, promovendo o uso responsável e consciente dos medicamentos.
Entre entretenimento e desinformação
Reduzir todo tipo de droga a uma “experiência” ou “viagem espiritual” sem considerar os riscos é uma atitude perigosa — ainda mais quando se tem alcance nacional e fala com um público jovem. Esse tipo de discurso pode incentivar o uso recreativo sem orientação, num país onde o combate à dependência química ainda enfrenta muitos desafios.
Por isso, é fundamental que o debate sobre drogas e medicamentos seja conduzido com responsabilidade e baseado em evidências científicas. É nesse contexto que o farmacêutico se destaca como um profissional indispensável na linha de frente da saúde, orientando não apenas pacientes, mas também a sociedade como um todo.
Quando figuras públicas como o Whindersson Nunes, que têm milhões de seguidores, tratam o uso de drogas de forma leviana ou como se fosse algo “espiritual” ou inofensivo, elas podem normalizar práticas que oferecem riscos reais à saúde, especialmente em públicos mais vulneráveis — como adolescentes e jovens adultos.
O problema não é falar de drogas — é falar mal delas
Discutir ayahuasca, LSD ou até cannabis medicinal pode e deve acontecer, desde que com base científica e dentro do contexto certo: terapêutico, regulamentado, com acompanhamento profissional. O que é perigoso é misturar tudo no mesmo saco e dizer que remédio e droga são só “nomes diferentes pra mesma coisa”. Isso confunde informação com opinião.
Ciência não é entretenimento
Enquanto influenciadores buscam engajamento, profissionais da saúde lidam com vidas reais. O farmacêutico, por exemplo, é quem está na ponta do cuidado orientando sobre interações medicamentosas, riscos de automedicação, efeitos adversos e até mesmo abuso de substâncias. Desvalorizar isso é um desserviço à saúde pública.
Esse tipo de discurso, ainda que envolto em humor, não pode passar sem contraponto. E é por isso que ações como a do CFF — e a sua, ao levar esse debate pro blog — são tão importantes: para lembrar que entre uma fala viral e a vida de alguém existe uma diferença chamada conhecimento. E nisso, o farmacêutico tem autoridade e compromisso.



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